Define-se abortamento segundo critérios da OMS (Organização Mundial da Saúde) como a interrupção da gestação antes da 20 semanas de gestação com feto pesando menos de 500 gramas.
Este evento é muito comum, acomete até 20% das gestações clínicas, ocorrendo principalmente no 1° trimestre (abortamento precoce).
Uma a cada quatro mulheres terá pelo menos um abortamento durante a sua vida. Até 3% das mulheres em idade fértil apresentam 3 ou mais abortamentos consecutivos (aborto habitual) .
A principal causa de abortamento espontâneo e precoce é devido as alterações cromossômicas no produto conceptual, sendo a Trissomia do cromossomo 16 a mais freqüente.
Com a evolução da gestação, a incidência de causas genéticas diminui de forma significativa.
Outras causas podem gerar perda gestacional como infecção aguda por sífilis, citomegalovírus, herpes genital entre outras.
Alterações hormonais como hipotireoidismo ou produção inadequada de progesterona por uma estrutura ovariana chamada corpo lúteo também constituem causas de abortamento.
Alterações anatômicas como pólipos endometriais, miomas internos (submucosos), aderências intrauterinas(sinéquias) podem dificultar a implantação e desenvolvimento do embrião, culminando num abortamento.
Eventualmente úteros mal-formados como septos uterinos e útero bicornos são causas de perdas fetais.
Por último, também merece atenção os fatores imunológicos como a síndrome antifosfolípide, incompatibilidade imunológica do casal, e deficiência dos fatores que participam da coagulação sanguínea.
Perdas gestacionais após a 12° semanas de gestação, são chamados de abortamentos tardios, cuja causa principal causa é o colo do útero dilatado, aberto que não consegue conter o conteúdo intrauterino. Até 40% das causas de abortamento são de causas desconhecidas, daí a importância de mais pesquisas.
Abortamento espontâneo não é sinônimo de curetagem uterina. A depender de cada caso pode-se tomar uma conduta expectante ou seja, observação clínica onde a própria natureza irá promover a eliminação do produto conceptual.
Para abortamentos precoces, pode-se também realizar um procedimento menos agressivo do que a curetagem uterina, a aspiração manual intrauterina (AMIU), onde o esvaziamento uterino é feito com equipamento especial que aspira o conteúdo intra-uterino.
Cada caso deve ser amplamente discutido com o médico para uma conduta mais adequada e acompanhamento posterior.
O abortamento gera no casal uma grande frustração e uma forte ansiedade em ter uma explicação para o insucesso, atribuindo geralmente a eventos do cotidiano como esforço físico e estresse entre outras.
Daí a importância da investigação médica adequada na tentativa de um provável diagnóstico a fim de acalmar os ânimos do casal e tentar prevenir futuras perdas gestacionais.